SOPA DE PATO #1

 

Essa é uma tentativa de uma coluna colaborativa de indicações variadas. Algumas coisas que tenhamos ouvido, lido, assistido ou sei lá o que nos últimos tempos. Uma sopa meio aleatória, mas com sorte você vai sair com alguma algo interessante pra caçar pela internet depois. Dessa vez fomos basicamente Pedro Ávila, Lucas Almeida, Patrícia Pinheiro e João Carlos Pinho.


Chapter one: Latin America (1973), de Gato Barbieri

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Discípulo de Coltrane e um dos saxofonistas mais importantes e bem sucedidos dos anos 1970, o argentino Gato Barbieri esteve lá no início do free jazz, tendo tocando em álbuns antológicos como Complete Communion (1965), de Don Cherry, e Escalator over the Hill (1971), de Carla Bley, só pra citar dois. Segundo o crítico estadunidense Robert Christgau, Gato Barbieri foi o único jazzista além de Miles Davis a conseguir traduzir o jazz de vanguarda em algo quase acessível ao grande público sem soar desonesto. E é bem isso que se ouve em Chapter one: Latin America, talvez sua obra-prima. Uma celebração aventurosa da música latino-americana, contando com músicos e instrumentos de todo o canto (Argentina, Peru, Brasil, Bolívia e por aí vai) mas com um embalo irresistível. Uma das faixas do álbum, “India” é uma versão linda de uma música escrita por José Ansunción Flores, Manuel O. Guerrero e José Fortuna, que foi interpretada por Gal Costa, dando nome ao excelente Índia, curiosamente também de 1973. Chapter one, como o título indica, o primeiro de uma série. Vale a pena ir atrás dos outros três álbuns, ou capítulos, respectivamente: Hasta Siempre (1974), Viva Emiliano Zapata (1974) e Alive in New York (1975). Os dois últimos são um pouco menos audaciosos, especialmente Viva Emiliano Zapata (o que faz do título um pouco irônico), mas nenhum perde a força celebratória dos encontros entre esses diferentes ritmos e instrumentos, fazendo jus à toda potência do caldo cultural da América Latina.

Bronca Buenos Aires (1971), de José López Ruiz

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Esse álbum narra, tanto literalmente, com palavras escritas e recitadas por José Tcherkaski no início de cada música, quanto musicalmente, a experiência de se viver num país em que o silêncio é a ordem, sendo proibida qualquer forma de manifestação ou expressão. Realizado durante um dos períodos mais assombrosos da Argentina, o regime militar de 1966 a 1973, Bronca Buenos Aires ficou indisponível por muitos anos, tendo sido proibido na época, mas dá pra encontrar no spotify uma reedição de 2013 que conta com versões traduzidas dos monólogos para inglês e francês, mas sem alterar a gravação das músicas em si. O tipo de disco esquecido que a gente tem que lembrar de ouvir de vez em quando.

Só quem viu o relâmpago à sua direita sabe (2020), de Kaatayra

Minha fonte oficial de música boa contemporânea é o Volume Morto, mas de vez em quando dou uma passada nas listas do rateyourmusic. Nessas descobri esse disco curioso do ano passado, que mistura black metal com samba e outras referências musicais brasileiras. Talvez se beneficiasse de uma produção um pouco melhor, em que desse pra escutar todos os detalhes claramente, mas o resultado final não é ruim, a mistura de estilos funciona impressionantemente bem a maior parte do tempo. Pelo que dá pra extrair do bandcamp, o projeto é praticamente todo de Caio Lemos, que toca todos os instrumentos e faz a maior parte dos vocais. É o tipo de coisa que, mesmo com defeitos vale a pena conferir. Eu devo tá na pista errada, mas me faz lembrar de Nação Zumbi misturando metal e maracatu, apesar de ser uma mistura mais simbiótica talvez, mais superposição do que justaposição. Trevoso mas acústico, é uma boa trilha sonora pro pesadelo que o Brasil vive hoje. Dá pra escutar de graça por aqui.

Aron Feldman

Em 1988 Jairo Ferreira sentenciou: Aron Feldman é um talento que provavelmente será redescoberto entre os vivos muito aparentemente mortos deste fim de década. Infelizmente, Aron Feldman (1919 – 1993)  continua hoje um ilustre desconhecido. Juntei alguns textos e entrevistas sobre/com Aron Feldman, além de alguns poucos filmes (4 de um total de aproximadamente 23, entre curtas, médias e longas em variadas bitolas e formatos) que podem ser encontrados na internet. Deste rápido levantamento chama especial atenção alguns registros sobre sua estada em Belo Horizonte, como o vídeo de Fábio Carvalho, O Mundo de Aron Feldman, e o videoclipe Cu de Comunista, da banda Divergência Socialista – em que atua. Enfim, alguns links, filmes, textos, dicas. Que o talento de Aron Feldman – também como fotógrafo – seja redescoberto nessa década tão incerta que ainda se inicia. Filmes , Textos: Catálogo Aron; De dentro de um cemitério – Paulo Emílio; jairo ferreira 1988; O Mundo de Aron Feldman por Fábio Carvalho.e mais aqui, aqui aqui aqui e aqui. Recentemente Cláudio Feldman – filho e colaborador de Aron – lançou o livro Aron Feldman: Cinema Nas Veias.

Level Five (1997), de Chris Marker

Chris Marker - Level Five (Trailer) | Dinca

O filme Level Five (1997) do Chris Marker tá no mubi.com e é uma piração interessante. Em parte é um documentário sobre a batalha de Okinawa, o último conflito da Segunda Guerra, que serviu de prelúdio pro lançamento das bombas atômicas no Japão. Mas também é uma ficção científica sobre essa mulher que está tentando terminar o videogame inspirado na batalha de Okinawa, obra inacabada de seu falecido marido. O filme faz uma brincadeira intercalando entrevistados que de fato viveram a Segunda Guerra e a personagem fictícia que fica rememorando sobre seu marido, discutindo com a câmera num formato videolog sobre a vida e suas conversas na internet. É tudo uma grande reflexão melancólica e cabeçuda sobre os traumas do século XX, tanto num nível macro como micro, assim como sobre as confusões entre realidade, ficção, memória e sonho, engatilhadas pelo existencialismo cibernético de fim de século.

Ernie Pike, de Oesterheld e Pratt

Ernie Pike - La sentinella by Hugo Pratt on artnet

Não tem necessariamente a ver com o filme de Marker, mas em Level Five é citado que o jornalista e correspondente de guerra Ernie Pyle, que ficou conhecido por seus relatos sobre soldados e momentos ordinários da guerra, morreu na batalha de Okinawa. Bem, inspirado nessas histórias, o argentino Héctor Oesterheld criou uma série de quadrinhos em 1957, Ernie Pike, primeiramente desenhada pelo gigante Hugo Pratt, mais famoso por sua obra-prima Corto Maltese. Ano passado, Ernie Pike saiu pela primeira vez no Brasil, pela editora Figura. É uma coleção de contos breves que, escolhendo tratar de figuras “irrelevantes” da Segunda Guerra, tece diversas reflexões sobre os conflitos humanos e como pessoas comuns lidam com os terrores da Guerra. Se você tiver chance de ler, leia, é excelente. Oesterheld foi um opositor do regime militar argentino, tendo se unido ao grupo guerrilheiro Montoneros. Ao longo dos anos 1970, Oesterheld e grande parte de seus filhos foram sequestrados pelas forças armadas. O corpo de Oesterheld nunca foi encontrado. Alguns quadrinhos dele vêm sendo lançados no Brasil nos últimos tempos, como a ficção científica O Eternauta, conhecida por sua crítica política, mas principalmente as obras que fez junto de Alberto Breccia, como a borgiana Mort Cinder, que trata um misterioso homem que nunca morre.

O cinema de Kelly Reichardt

Kelly Reichardt's 'Meek's Cutoff': The Camera's ...

Kelly Reichardt é uma diretora norte-americana que investiga em seus filmes a formação da identidade estadunidense, através das perspectivas de indivíduos marginalizados dentro da histórica canônica dos Estados Unidos da América. Seus filmes trabalham a jornada cotidiana desses outsiders, transmitindo um discurso forte sobre as violências e contradições de seu país sem precisar trazer de modo enfático e explícito as mesmas. Com roteiros simples e com pouca ação, para os espectadores que se permitam embarcar no realismo banal de suas construções, sua obra produz um efeito generalizado de ambiência, que os emerge em uma poética do silêncio altamente reflexiva.

Filmes recomendados: O Atalho (2010), Wendy & Lucy (2008) First Cow (2019), Certain Women (2016)

 

Vindos do sótão… #1: Cripta do Terror – por Pedro Ávila

Recentemente meu avô, o matemático e educador Reginaldo Naves de Souza Lima, faleceu aos 90 anos de idade. Durante décadas ele colecionou uma imensidão de livros e histórias em quadrinhos, que organizou em plásticos e caixas, nas estantes de metal de sua biblioteca, que ficava no sótão de sua casa em Belo Horizonte. Em sua memória, resolvi criar a coluna “Vindos do sótão…”, e ir registrando aqui minhas leituras de alguns desses quadrinhos de sua coleção. Então vem aí muito Flash Gordon, Dick Tracy, Príncipe Valente, quadrinhos europeus estranhos, zines brasileiras esquecidas e muito mais! Nessa primeira edição:

 

Cripta do Terror, os quadrinhos da E.C. que saíram pela Record nos anos 1990

 

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Quem sabe o mundo fosse um lugar melhor se o Zelador da Cripta, a Bruxa Velha e o Guardião da Câmara não tivessem sido vítimas do puritanismo e da competição entre editoras medíocres de super-herói.

Em meio a coleção do meu avô, esbarrei com 6 (dos 7) volumes de Cripta do Terror, uma publicação que a Record trouxe pro Brasil em 1991. Cripta do Terror compila histórias curtas variadas que saíram em revistas como Tales from the Crypt, Haunt of Fear, Vault of Horror, CrimeSuspenseStories e ShockSuspenStories, da extinta editora Entertainment Comics, vulgo E.C., que além de terror e suspense, publicou a seminal Mad de Harvey Kurtzman. Capitaneada por Bill Gaines, que também roteirizou boa parte das histórias da E.C, a editora entrou em falência depois que se estabeleceu o Comics Code Authority, no final dos anos 1950, que proibia quadrinhos com temáticas adultas, principalmente com violência e terror. Na verdade, o Código autoimposto pelo próprio mercado editorial americano, depois de muita lenga-lenga e terrorismo da mídia sobre os quadrinhos estarem destruindo a mente dos jovens, foi em parte para atrapalhar as vendas da E.C., que era a principal editora do momento (além de proibir que as capas de gibis contivessem palavras como “terror”, “horror”, “fear”, “crime”, o que podia fazer sentido, proibiram até “weird”, ou seja “esquisito”, simplesmente porque dois dos títulos da E.C. eram Weird Science e Weird Fantasy). 1

Algumas histórias são genuinamente boas e as revistas contavam com alguns dos melhores desenhistas americanos da época: Al Williamson, Jack Davis, Frank Frazetta, Wally Wood, Graham Ingels, e por aí vai (só monstro mesmo, rs). São todas histórias curtas, por volta de 7 páginas, criativamente repulsivas e hilárias, quase beirando a metalinguagem neobarroca. Pra dar um exemplo, em “Estrela do desejo” (“Star Light, Star Bright”), desenhada por Johnny Craig, sonho e realidade se misturam e um homem não sabe se está deitado em sua cama olhando para a janela no teto do quarto ou amarrado num caixão que possui uma abertura. Com a narrativa gráfica, os painéis do quadrinho se tornam a moldura da janela e a abertura do caixão, sendo quase todo desenhado do ponto de vista do personagem. Isso pra não falar dos vampiros bebendo sangue através de torneiras enfiadas em pescoços, noivas bonecas vudu zumbis, crítica social, rinha de galo, reviravoltas poéticas e muitos mas muitos irmãos siameses. É como encontrar o cinema B americano da primeira metade do século XX (de Hitchcock a Jacques Tourneur, de Fritz Lang a James Whale) condensado e radicalizado em histórias de 7 páginas.

Página de “Estrela do desejo”, publicada originalmente na Vault of Horror 34, em 1954.

 

Uma das histórias mais notáveis que foi publicada é incomparável “Raça Superior” (“Master Race”), desenhada por Bernie Krigstein, que saiu originalmente em 1955, na Impact, uma das tentativas malfadadas de Bill Gaines de burlar o recente código de ética. A história de 8 páginas foge bastante da narração mais genérica da maioria das histórias, com maior experimentalismo no layout dos painéis. Curioso que para suprir a falta de cinismo e violência gráfica Kriegstein foi na direção de uma violência literalmente gráfica, utilizando técnicas narrativas verdadeiramente vanguardistas, o tipo de coisa que surgiria com peso na Europa só na década seguinte, nas HQs comerciais dos EUA então, lá pros anos 1980 com Frank Miller e Alan Moore. O mais incrível é que as técnicas ajudam a compor o ritmo de perseguição e paranoia do conto, uma das primeiras HQs a tratar do genocídio dos nazistas na Segunda Guerra. Os espelhamentos dos personagens, as fragmentações e modulações temporais, tudo conversa muito bem com as lembranças traumáticas revividas, agora sobrepostas sobre a América do Norte então contemporânea, com possíveis associações entre as pessoas se locomovendo sequenciadas, em filas, nas ruas alemãs, nos campos de concentração e no metrô. Na verdade, talvez o mais incrível seja que apesar de tudo o conto segue uma fórmula bem E.C. comics, contando com um dos famosos finais surpreendentes da editora. Há até quem diga que “Raça Superior” é o Cidadão Kane das histórias em quadrinhos. Bem, quem diz isso talvez esteja ignorando o trabalho de Will Eisner em The Spirit, que me parece mais próximo esteticamente do trabalho de Orson Welles e Gregg Toland, mas é claro que é uma história em quadrinho tão revolucionária quanto. Recentemente foi republicada em O Perfeito Estranho 2, uma antologia das histórias de Bernie Kriegstein, pela editora Veneta (que precisa reeditar isso logo que é um material excelente). Tem algumas outras de Kriegstein ao longo das sete Cripta do Terror, apesar de que a maioria esteja um pouco longe do experimentalismo de “Raça Superior”, não que não sejam algumas das melhores histórias da E.C.. Inclusive, é um dos casos em que o preto e branco da edição brasileira funciona muito bem, permitindo que o traço delicado e preciso de Kriegstein e seu uso do preto e branco sejam admirados. Fato é que essas oito páginas estão lado a lado de outras grandes obras de arte sobre o tema, como Maus de Art Spielgman, Noite e neblina de Alain Resnais ou Shoah de Claude Lanzmann. Um quadrinho extremamente importante de ser relembrado nos dias de hoje, que não perdeu nada de seu impacto.

 

Detalhe da página final de “Raça Superior”, que saiu originalmente na Impact número 1 , de 1955.

Mas vale a pena ir atrás dessas edições velhas? Não sei. Apesar de originalmente em cores a revista é toda preto e branco, o que combina com algumas histórias e ajuda a apreciar o traço de alguns artistas (Williamson, por exemplo) mas acaba deixando algumas com a sensação de algo faltando, sem contar que as primeiras edições tem uma impressão horrível, apagando parte dos desenhos (o que foi sendo corrigido ao longo da publicação). Dito isso, o papel jornal fedido e empoeirado realmente passa a sensação de estarmos adentrando uma cripta maldita com o Zelador e a Bruxa.

Vale notar que até o número 5 essa revista da Record utilizou artes de artistas brasileiros para as capas. São diretamente inspiradas nas capas originais, o que talvez tenha paradoxalmente contribuído pra controvérsia que foi com os leitores brasileiros, que viviam enchendo o saco da Bruxa Velha e do Zelador da Cripta (ou seja, do editor Otacílio Costa D’Assunção Barros, conhecido como Ota) para deixarem pra lá os “pastiches” e utilizar as artes originais. Pessoalmente, concordo que as capas originais tendem a ser melhores, algumas escolhas de cores e a textura das pinturas, apesar de terem seu próprio charme, tiram um pouco do brilho das originais. Dito isso, a ideia de dar oportunidade para artistas brasileiros, como Carlos Chagas, não deixa de ser louvável.

Capa original de Johnny Craig, para Vault of Horror 23, de 1952.

 

Arte de Carlos Chaga sobre desenho de Johnny Craig, para Cripta do Terror 3, 1991.

E apesar das capas e do preto e branco houve um esforço bacana de manter o tom original, com os apresentadores (horror hosts) comparando uma história com a outra e se agredindo verbalmente. O que é curioso porque significa que houve uma certa edição dos tradutores e editores, que mudaram parte dos textos originais para fazer sentido certas comparações entre histórias que não foram publicadas juntas originalmente, mas em revistas diferentes, até em anos diferentes. Alguns podem sentir um verdadeiro pavor ao saberem que o texto original foi em parte “mutilado” pela edição brasileira, mas eu acho um toque simpático (que acabou não durando tantas edições, de qualquer forma).

No mais, fico na torcida para ainda vermos (pela própria Veneta que trouxe Kriegstein? pela Pipoca & Nanquim, que já nos trouxe os belos horrores de Jayme Cortez? pela Figura que trouxe Oesterheld e Breccia?) uma republicação a cores e com papel de qualidade dos quadrinhos da E.C., nem que seja uma coletâneazinha.

NOTAS:
  1. Esse vídeo do Pipoca & Nanquim é um bom resumo da ópera, que conta detalhes sobre o contexto histórico e os diversos personagens que participaram dessa história de terror dos quadrinhos norte-americanos.^
  2. O título vem da última frase de “Master Race”: “…Era um perfeito estranho”.^

Guia para endividamento na inflação desenfreada #3: Registro patenteal aturmarado em uma Discordia

“Se temos problemas individuais, as vezes podem ser fruto do meio… então por que não compartilharmos?”
Dr. Professor  Excelentíssimo Vino Ministrado Curvelo

Se a mim fora rebuscado à influetação arcaica, dirias por ti que: sós sou só se seres sosses, sendo sem serei sim satisfatoriamete ser.
Sofisticado era Sófocles que de Sofia só lhe sequestraram a salividade salesiana;
Saindo de sustentações sessáis, sacerdócio hoje a certidão de certas serigrafias cearenses que de minha família herdei.
Passo hoje a afirmar que, se de Minas fui à Minas votarei! Se da Bahia vim, a alergia aos frutos do mar ignorarei! E que, assim como a inexistência de peixe no mar, macabrearei as entranhas de uma grande corporação fingida de Igualitária e Modesta!
Para Nos Restam Algumas Horas, digarei-lhe-ei, transem! Se embudanzanfem nas fezes ume de outre come ê primeire porco fizera! Se aqui sextamos, é porque de muito sangue e luta viemos, se você que está a comentar minhas gravações em inglês provindas do passado, EXPURGA-TE! SAIA-ME DO TEU ÓCIO VICIO DE CIGARRO DIGITAL !
Pare equeles que de entruse apresentem sejem-se everses ê mestres! Não temos mestre, mestrado ou causa, ou crença ! Que assim sejamos então, que assim tenhames ume quedrilhe de revelederes de dinheiros ! DINHEIRO É PODER E SE PODER-EMOS DIN-HEI-REMOS

Aglomerem-se mees pepiles ! Comecemes aguere ê ensinamente de Prefesser Deutere Vene Cervele:

Para Excelentíssimo Prof Dr Vino Curvelo EsTas DIM Pé Ê zeezEpEpePZpePEpePEpaZe
issó é uma carta do passado.

Aglomeração é a melhor arma contra Universidade. Isso (não mais “ela”, vamos respeitar os pronomes. E isso é sem ironia. Universidade é uma coisa, não uma pessoa. E se uma pessoa se identifca como Não-Binária que nós respeitemos isso.)

Sendo assim, toda e qualquer utilização de “pronomes gênero neutro” não podem ser interpretados como ironia, pois a intenção da pessoa autora desses textos não é e nunca será a de explorar minorias para seu ganho pessoal/institucional (diferente da Universidade).

Com essa abertura, com esse aconchego, te digo que a melhor maneira de escrever é deixando o Google Drive decidir o que dizer em seu lugar. Muito obrigado, robô.

Saia da Universidade enquanto pode, enquanto ainda dá tempo de você olhar a realidade e me responder porque não aprendi isso tudo que vocês sabem, dizem e se esbaldam com. Me parece uma grande festinha de arromba com o dinheiro dos pais, uma cena bem americana (que vocês adoram rs), uma cena patética me tomo a fazer aqui… a dizer-lhes o quanto estão no local de Ilusão Esquerdal frente a MAIS UM colapso social iminente. Gostaria nesse momento de pedir desculpas à todes que estudem linguas, educações e suas derivações pobretones – estames juntes e lutande.

Para você das artes, para você da medicina que não é da família ou SUS, para você que é da educção física… precisava ser mesmo FEDERAL? Do tipo, pensa comigo… filha do Marcelo Freixo, por exemplo… o quanto de dinheiro público foi pra você? O quanto de dinheiro público (ou privado mesmo) vai para um curso como o de Artes da Universidade Federal Fluminense. Ou nesse sentido, o quanto de dinheiro dos meus avós (que trabalharam numa fazenda no interior de minas, que vieram da Bahia e foram enferemeiras e cuidadores e etc), o quanto de dinheiro minhas mãe, minhas tias e primas, meu pai, meus tios e primos e todes es pessoas chegades à nosso circulo social – antes e muito antes de mim, quantos desses sustentaram Rabelada Branquela de Zona Sul que das tetas do estado tava cheio de engasgar?

Não sei. É uma boa pergunta que me faço sempre que me sinto levemente culpado por ter destas tetas mamado, uma pena que continuo meio classe media, meio pobre…. meio ainda desesperado com dinheiro, assim como com minha saúde mental. Por isso, acolhe todes que agore tenham chegade, obrigade por fazer parte de mais um clube… espero que com essas novas chegadas não façam com a depressão e boderline o que fizeram com o mercado de podcast. Com essa dica em mente, digo aqui que baixo todos os videos que gostaria de assistir do Youtube e os tenho em meu computador para usufruir de uma boa dose de Maluquice Institucionalizada.

Ou seja, você não pode nem ouvir Phill Collins no Spotify e nem me processar. Peço novamente perdão às pessoas que das minhas palavras se sentem ofendidas, mas NÓS PRECISAMOS DE VOCÊ. Se minhas palavras te entristecem ou te fazem querer chorar ou descontrolar-se de qualquer outra forma ou maneira, me mande uma mensagem em: vinocurvelo@gmail.com – Tenho a solução para você!

Esquerdistas são bem vindes, se for Direitista também pode chegar – qualquer espectro de politique-enrustide também serão bem vindes.

Se temos problemas individuais, as vezes podem ser fruto do meio… então por que não compartilharmos?

A culpa é das macromoléculas neoliberais,

Carta Préstuma de Desintegração da Realidade em forma de Cosméticos Comestíveis.

Isto é fruto do desemprego nacional,  de alguém que está tentando editais e mais editais – assim como concursos, mas não passa da fase inicial de qualificação.

Também, na iniciativa privada, não está tendo aceitação devido ao perfil “não participante da equipe como gostaríamos, nem individualista suficiente para nos encontrar em festa e chupa nosso ego no instagram”. Eu preciso de dinheiro, bate em quem precisar bater, posso defender a ideia que quiser me manda um e-mail: vinocurvelo@gmail.com , faço o que for necessário por dinheiro. É sério.

***

Guia para endividamento na inflação desenfreada #2: Somos bandeirantes dispostos a matar, comer, queimar e transladar as iguarias mais nefastas da história!!!!!

Novo termo paulistóide da publicidade: “Além disso, tem todo um mercado de infoprodutores que não para de crescer.”

Infoprodutores, termo para designar um grupo de pessoas que tem, com a pandemia, mudado o ‘modelo de negócio’. Antes vendiam produtos de marcas e agora passam a usar sua ‘influência’ para vender os próprios produtos.

“Se essas tendências todas pegam, muito em breve as marcas vão se tornar um acessório opcional no mix de negócio do influenciador, pois este mesmo estará se tornando uma marca. E o que restará para as marcas então? Tornarem-se influenciadoras. :)”

O que acho interessante nessas propagações de pensamento publicitário de ‘think tank influencer’ brasileiro é a informação antiga repaginada, é um fingimento cínico de que determinada coisa já não estava acontecendo… é uma questão de tom. No caso, marcas se tornando influenciadoras, Magazine Luiza faz isso há anos, Casas Bahia, Zoom etc. É mais um processo de adequação dos pensamentos de ‘influenciadores’ do que necessariamente um espaço de novas ideias ou de libertação dessa profissão (‘influencer’).

O discurso do texto é um filme institucional dos anos 60, sabe? Uma nova versão para os clássicos hits cinematográficos “Como se portar na fábrica” e “Você também será patrão um dia”.

Aqui o discurso é feito a partir da noção de que os influenciadores estão na frente das marcas, o que é uma mentira. A apresentação desses textos vêm carregados de uma vibe ‘as últimas novidades na onda da influência’, mas não passam de uma roupa nova num discurso velho e batido (tanto para o marketing publicitário quanto para o capitalismo), ignorando completamente qualquer tipo de responsabilidade social – a não ser quando é extremamente necessário.

Complacência é um termo muito bom pra pensar essa galera, não só o publicitariado paulistóide, mas o movimento global de ignorar que temos o Facebook matando milhares de pessoas , temos pessoas matando e transmitindo para milhares no Facebook e, só pra citar mais uma belezura, temos Columbine à Brasileira – o prato favorito do neoliberalismo.

Os temas abordados não condizem necessariamente com um alerta ou projeção de tendências para serem debatidas ou construídas, a intenção dessa propagação de ideias me cheira à marcas percebendo que o ‘marketing de influência’ como tava posto não dava retorno direto, ou melhor, existem outros interesses mais lucrativos no marketing empresarial (por exemplo o cashback e aplicativos em que o ecossistema é financeiro e não regulamentado – picpay, ame digital etc).

Assim, o YouPix serve pra ‘acalmar’ influenciadores e ‘justificar’ um espaço pra esse marketing de influência que se sucateará com o tempo, vimos isso acontecer com banner, com patrocínio em publicações de texto, em publicações de vídeo também, agora tá começando a hora da influência ir barateando e minguando também.

Uma boa articulação política seria juntar nessa galera, panfletar na frente da fábrica deles para junta no sindicato e fazer greve. E olha, é exatamente isso que o YouPix tá fazendo, tá fazendo isso há anos porque foi quem formou esse tipo de trabalhador aqui no país.

A coisa vira tipo um altidór, a galera tem um espaço de migração de um nicho de mercado, se altidór não funciona mais (por conta de lei da cidade limpa ou a falta de uma câmera escondida pra ler como as pessoas reagem ao teu anúncio), recriamos o altidór em espaços internos, com tecnologia e a porra de umas tela de LED que mexe.

Assim, o tal do marketing de influência acaba passando para um outro modelo, “se autopromova, mas não abandone as marcas da publicidade, quem sabe um dia elas não te chamam? Portanto, seja você também uma marca”. A marca é o patrão, mesmo quando o patrão manda policia te enfiar o cacete por ter ido no sindicato, mesmo quando tu faz serão e o puto não te paga um centavo a mais. A marca é a marca e você é a marca também.

A questão da ideia capitalista é a mesma, a burrice foi e continua sendo a nossa de não ser punk o suficiente (referência de chan neonazi galera, toma cuidado…) pra apontar e reconhecer esses novos lugares,  amarrando as novas roupinhas com a velha merda. É preciso mesmo dizer Influenciador é Trabalhador, qual a próxima profissão da moda? A gente precisa coagular nessa galera. YouPix é panfletagem em porta de fábrica, como que a gente faz essa merda? Porra, eu não sei. Mas aí galera, se quise chegar junto pensa nessas parada aí manda tima no cy manda um email no blog.

 

Na próxima coluna que estou escrevendo voltarei ao normal, abandonando esse meu alter ego polido, para ensinar a gente como montar uma quadrilha e combater a inflação.

 

Uma vez enviei um artigo desse pessoal pra uma amiga com o seguinte bilhetinho virtual: “n gosto muito do tom desse pessoal, acho muito ‘tudo q vem da gringa é bom, vamos abrazileirar’

uma coisa bem faria limers

mas enfim, acho importante ver que que essa galera ta falando pq querendo ou não impacta nossas vidas mesmo que não usemos essas ferramentas”

Ou seja, uma porra. Tamo refém de uns cacetobas ricaços propagando um pensamento americanóide trajando de nacional.

Lembremos que para o desenvolvimento de uma sociedade igualitária precisamos, além de procedimentos de reparação e tudo mais, entender como a porra do publicitário fala, pensa e faz. São esses bostalhões de meia longa e calça curta quem ditam quando quais onde serão os novos proletários e os novos patrões, até mesmo quem serão os apoiadores silenciosos de repressões e agressões. Antigamente, era a porra de um protocartel de empresas em que um bando de taradões paulistóido-gringolões se punhentavam ao importar máquinas de choque dos estados unidos. Hoje, quem faz essa merda é a gente.

É virtual, então a gente sente menos culpa.

É virtual, então a gente tá mais distante.

É tão virtual que podemos até nos iludir de que não é com a gente.

É tão virtual que é terceirizado.

É tão terceirizado que a gente se acha independente.

Somos tão independentes que achamos que não podemos fazer nada.

 

É quase como se o processo de terceirização neoliberal tivesse permeado o horizonte cultural, nos fazendo crer e internalizar pensamentos e políticas que não condizem com nosso desejo de mundo e de vida.

Então, irmẽzinhe, entra em contato ai no nosso email manda um e-mail que passo mais de um ano de conteúdo desse publiciatarióide parasitário de responsabilidade – é tipo ovo de mosca na cabeça. Um dia você está bem em casa, quando você sua cabeça está doendo e um pouco inchada, no dia seguinte sua testa fica um pouco roxa, no terceiro tu vai ao hospital direto pra UTI diagnosticado com ‘rara do doença: cara de shrek roxo”.

 

ALTER EGO DEACTIVATION INSTALLER TROUBLESHOOTING
como o Hino Nacional Brasileiro sempre ensinou carregamos um monte falsificação ideológica habitacional, eleivação de neonazi à brasileiridade institucionalizada sustentando na construção do ser social nacional e realitário o desejo autopunitivo da lactação matinal de mimozinhos desaparentados. BILHÕES DE DÓLARES duns gringolão sado de merda desde sempre são sustentando por você. Coma bis volta daqui duas semana vamo abri uma gangue bolada!!!!!

 

Ex-vegano entrE no Burro faz cavalinho de pau, vira um Gato e transforma em Fiona,
Escrito Anonimamente pela Comunicação Institucional de Excelentíssimo Prof Dr Vino Curvelo.

.AUTORIZAÇÃO EDITORIAL NEGADA.

Guia para endividamento na inflação desenfreada #1: RIBONUCLEICO RINOCERONTE

Aqui será seu espaço de empreendedorismo, de inovação e, por que não?, renovação!

Venha, com o maior expert em finanças da modernidade Prof Dr Excelentíssimo Vino Curvelo, desbravar as grandes matas dessa India indomada das finanças!

No primeiro passo temos a escolha, uma que tem de vir da perfeição. E a perfeição vem da liberdade, do poder que cada indivíduo em si tem.
Uma potência que ressurge no florescer da decisão, escolha o site de leilão sold.com.br.
As maiores taxas, os editais mais longos.

E com uma calculadora arme-se. Nela, contemos a sabedoria ancestral dos povos originários, tão originários que chegaram de barco, de pluma e pavil. Vamos reproduzir nossa tradição secular coletivamente, vamos nos registrar no site sold.com.br

Faça da sua genial riqueza uma distribuição, uma troca e um estudo. Para tal, pesquise o desejo como se ao oráculo pedisse caminhos da sabedoria. Você a tem, você precisa encontrá-la, você existe.
Exista conosco, exista convoltros, desexista. Desencontros, Desnaturalidade imperativa do eu.

Abro então, ao oráculo, meu desejo:

“Ó, sabia majestosa grande impenetrável e volumosa em seus desejos indispensáveis na elucubração gasosa de meu ar! Venha mostrar-me a que vens a que tens e ao que me tornareis, ó voluptuosidade edificante de meu ser e estar momentâneo e descartável.
Mostre-nos!”

Assim, com a calculadora em punhos e felactiamente adentrando os filtros perceptuais, dizemos: “obrigada vossa beldade, mostre-me as palavras da lei” (que se encontra como na imagem seguinte)

Anexo1 – Lista de Visões do Oráculo

Façamos então, os cálculos. Do desejo de tornar tal objeto meu, pertencente a minha posse e de propriedade do eu em que qualquer circunstância de desapropriação venha a fazer-me mal ao estado de percepção do que sou e de quem serei, a que terei de valer para circunstancialmente agregarme ao todo?

Anexo2 – A Verdade do Edital Calculador

(mostrar em outra letra, como fórmula matemática) O valor do lance atual + 20 reais + projeção de lances até o fim de X dias + valor base inicial de acordo com faixa de valor do lance(pode ser encontrado no anexo 2).

Do orgasmo matemático à tração de texturas em uma cena eficaz, estamos completos. Temos em nós e no eu e como todo a completude da procriação, fomos ao felo e ao ato. Há criação, há sedução e adversidades. Procure localidade e tempo, espaço e proteção.
Tenha em mãos sua guia, tenha eu em suas mãos.
Limpemos, liguemos, lambamos.

Sejamos até a próxima ação de indiciamento. Que a inflação não te pegue, beldade europeia com carecas no cabelo. Que ela nos torne forte, como a maçã que nos morde os livros e como o alfabeto que nos mata as publicações.

Até a próxima,
Excelentíssimo Prof Dr Vino Curvelo.